
A fibromialgia é uma síndrome que afeta profundamente a rotina dos portadores, interferindo em aspectos físicos, emocionais, sociais e profissionais. Ela não é apenas uma dor, é uma condição que molda o dia a dia de quem convive com ela.
Trata-se de uma síndrome crônica que desafia profissionais da saúde e pacientes com seus sintomas difusos e persistentes. Muitas vezes caracterizada por dores musculoesqueléticas generalizadas, fadiga intensa e distúrbios do sono, ela afeta aproximadamente 2% da população mundial, sendo mais comum entre mulheres de 30 a 55 anos.
Embora a origem exata da fibromialgia ainda seja desconhecida, estudos apontam para uma alteração na forma como o cérebro processa os sinais de dor, tornando o paciente mais sensível a estímulos que normalmente não seriam dolorosos. Fatores genéticos, traumas físicos ou emocionais, infecções e sedentarismo também estão entre os gatilhos mais comuns.
Neste cenário, a saúde mental pode ser tanto um gatilho quanto um agravante da fibromialgia. Estudos mostram que transtornos como ansiedade, depressão e estresse crônico estão fortemente associados à síndrome. Essa conexão não é apenas emocional, ela tem base neurobiológica.
Os sintomas vão muito além da dor, ela gera um impacto funcional e cognitivo no paciente. Surgem dores em músculos, tendões e articulações, ocasionando diminuição da força muscular, o que dificulta tarefas simples do cotidiano como subir escadas, cozinhar ou carregar objetos.
O portador de fibromialgia apresenta uma fadiga insistente e constante, especialmente ao acordar, que limita a disposição para atividades cotidianas. Apresentam um sono não reparador, que agrava o cansaço e a dor ao longo do dia, onde relatam janelas curtas de energia, geralmente entre 10h e 15h, fora das. Apresentam muitas vezes dificuldade de concentração e lapsos de memória, conhecidos por “nevoeiro mental”.
No âmbito emocional, eventos traumáticos de perdas ou acidentes, além de trabalhar ou viver em ambientes de alta pressão emocional, com conflitos familiares ou profissionais, são gatilhos para o aparecimento da depressão e ansiedade que culminam com isolamento social e retração de vínculos familiares e afetivos. No lado profissional ocorre a redução da produtividade e, em muitos casos, incapacidade de manter a carreira ou avançar profissionalmente.
O diagnóstico é clínico e baseado na exclusão de outras doenças. O Colégio Americano de Reumatologia estabeleceu critérios como dor generalizada por mais de três meses, sensibilidade em pelo menos 11 de 18 pontos específicos do corpo como sinais que podem diagnosticar a fibromialgia. Não existem exames que comprovem ou diagnostiquem, exames laboratoriais e de imagem são usados apenas para descartar outras condições.
Embora não haja cura, o tratamento multidisciplinar visa melhorar a qualidade de vida. Além de medicamentos, terapias não farmacológicas têm ganhado destaque. A Fisioterapia e o pilates promovem fortalecimento muscular, melhoram a mobilidade e a rigidez articular, além de reduzir a sensação dolorosa com técnicas de alongamento e liberação miofascial, além de exercícios aeróbios e de resistência muscular. Isso contribui para o relaxamento físico e mental, reduzindo ansiedade e melhorando o sono.
A Osteopatia atua na reabilitação neuromuscular e no alívio de tensões, melhorando a circulação e a função articular com técnicas manuais específicas.
Embora os estudos sejam inconclusivos, muitos pacientes relatam alívio da dor e melhora do bem-estar com sessões regulares de Acupuntura, pois ela consegue agir tanto no físico quanto no emocional.
A fibromialgia não é “coisa da cabeça”, mas tem tudo a ver com ela. Ela é uma condição complexa e muitas vezes invisível, que com abordagem adequada e persistência, é possível recuperar a autonomia e o bem-estar do paciente. O segredo está em combinar ciência, exercícios e escuta ativa, do corpo e da mente.