
O podcast ‘Fala Mulher’ recebeu a escritora Ana Cardoso, participante do programa Viagem Literária, que passou por Pindamonhangaba com uma proposta especial: aproximar autores e leitores, levando a literatura para dentro das escolas e bibliotecas públicas. O projeto, criado em 2008 pelo SisEB (Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas de São Paulo), promove encontros com escritores, contadores de histórias e oficineiros, despertando o gosto pela leitura e fortalecendo o papel das bibliotecas como espaços vivos de cultura.
Participando pela primeira vez do programa, Ana contou sobre a emoção de viver essa experiência: “É a minha primeira vez na Viagem Literária, então é com muita honra que eu estou participando de um projeto tão incrível”, disse Ana, emocionada. “Está sendo uma experiência muito intensa, com uma troca grande com o público. É incrível poder contar a minha história para pessoas que geralmente não têm acesso a eventos literários nas capitais”.
A escritora também falou sobre a recepção nas escolas da cidade: “Quando cheguei, fiquei extremamente curiosa e depois encantada, porque os alunos já estavam lendo, fazendo trabalhos e se inspirando. Na minha infância, na escola pública, eu nunca tive a oportunidade de conhecer um autor. Isso faz uma diferença enorme, porque a criança entende que o autor é alguém próximo, com uma história parecida com a dela”.
Carmen Pamplin destacou como o formato atual do Viagem Literária ampliou o alcance do projeto: “Para a gente também essa experiência é inovadora. Antes a Viagem Literária acontecia apenas no espaço da biblioteca. Desta vez, a Angelita fez essa interlocução entre biblioteca, escola e autora, e foi incrível. As crianças tiveram o livro na mão e se sentiram protagonistas das suas histórias”.
Ela também lembrou que o encontro impactou toda a comunidade escolar: “Não beneficiou só os alunos. Professores e funcionários se reconheceram nas histórias. Um dos seus livros fala sobre isso — sobre valorizar todas as profissões. Acho que aquelas pessoas se sentiram protagonistas, dizendo: ‘Olha, eu existo, eu não sou invisível’. Foi um dia sensacional”.
Angelita Claudino explicou como o trabalho foi construído com o envolvimento dos estudantes: “Foi uma ação do Grêmio Estudantil do quinto ano B”, contou. “A Carmen inscreveu a biblioteca e eu levei a proposta para a escola. O Grêmio queria montar um clube de leitura, então levei os livros da Ana e pedi para que pesquisassem sua biografia. Eles fizeram a leitura para outras turmas, criaram desenhos, retratos… Eles se reconheceram como protagonistas e viram que o gosto pelo desenho e pela escrita pode ser uma profissão”.
Encerrando a conversa, Ana destacou o quanto a troca com os alunos também enriquece os autores: “Essa troca dá força para a gente continuar dentro do mercado editorial e acreditar mais no nosso trabalho. A literatura tem esse papel de transformação”, afirmou. E deixou um recado final: “Leiam mulheres. Leiam. Leiam todos os tipos de livros. Através da cultura e da literatura, a gente transforma-se por dentro e transforma a sociedade”.