Bem-vindo ao Jornal Tribuna do Norte   Clique para ouvir áudio Bem-vindo ao Jornal Tribuna do Norte

Jornal Tribuna do Norte

Fala Mulher: Dra. Cristina Eustáquio e o cuidado que nasce da escuta

O Fala Mulher, projeto ligado ao clube de leitura da Biblioteca Rômulo Campos D’Arace, trouxe para mais um episódio a médica ginecologista Cristina Eustáquio, que conversou com as anfitriãs Carmem Pamplin e Angelita Claudino sobre trajetória, acolhimento, medicina baseada em evidências e os caminhos que a vida vai tecendo para formar uma profissional profundamente conectada com a escuta e com o cuidado.

Durante a entrevista, Cristina começou se apresentando pela raiz mais íntima de sua identidade. “Eu sou primeiro mulher, sou mãe, mãe de duas crianças, o Antônio e o Francisco. Sou casada há dezesseis anos. E quando penso ‘quem sou eu?’, eu volto lá nas minhas origens. Sou mineira, nasci em BH, com pais muito conservadores, mas sempre gostei muito de estudar e sempre gostei muito de natureza também.” Foi essa mistura de formação rígida e desejo de liberdade que, segundo ela, acabou abrindo caminho para sua vinda a São Paulo — inicialmente para cursar um mestrado na área de ginecologia na Unifesp.

Cristina contou que pedalar por São Paulo a aproximou do marido e também da futura cidade onde viveria. “Um dia ele trouxe a gente para conhecer Pindamonhangaba. Quando eu vim pra Pinda, falei: ‘Nossa, que cidade é essa?’ Perto da praia, da montanha… eu me apaixonei. Eu me tornei pindamonhangabense de coração.” A relação com a nova casa também a ajudou a reencontrar antigas paixões e, mais tarde, a se reconectar consigo mesma.

A ginecologista explicou que sua prática clínica é construída a partir das próprias vivências. “Eu sempre busco trazer todas as minhas vivências. Eu tento me encontrar com as necessidades daquela mulher e trazer o que a gente tem disponível hoje enquanto medicina — seja evidência científica, seja terapia complementar.” Ela reforça que não invalida conhecimentos que as pacientes trazem: “A medicina é muito colonizada e tenta dominar todos os saberes. O que ela desconhece, ela fala que não tem validade. Às vezes só não foi estudado.”

O tempo de escuta é um dos pilares de seu atendimento. “Minhas consultas são demoradas porque eu preciso do tempo para ouvir qual é aquela dor.” Cristina relata que insiste no acolhimento: “Eu sou das que fica mexendo e pergunta ‘E aí, como é que é?’”.

Outro ponto profundo da conversa foi sobre como suas próprias experiências transformaram sua visão de mundo — da vivência com HPV na adolescência até o parto domiciliar do segundo filho. “Eu achava que era uma médica humanizada, mas quando eu tive meu parto eu falei: ‘Meu Deus, quanta atrocidade eu já fiz sem querer’. A gente não aprende isso na escola. A gente aprende quando vive.” Ela conta que chegou a escrever, no relato pós-parto: “Eu peço desculpas a todas as mulheres que eu já ajudei a dar à luz”.

No fim do episódio, Cristina deixou uma reflexão sobre o ritmo da vida atual. “A gente está vivendo num mundo muito acelerado, que desconecta a gente do essencial. Acho que as pessoas precisam diminuir um pouquinho o barulho externo e olhar para dentro. Às vezes a solução está dentro da gente — numa ansiedade, numa raiva, numa TPM. Às vezes é a vida falando: ‘Olha para isso que não está bom’. Escuta mais e deixa o que está lá fora um pouco lá fora”.

loader-image
Pindamonhangaba, BR
12:34, pm, dezembro 17, 2025
21°C
céu limpo
68 %
Wind Gust: 10 Km/h
Clouds: 3%
Sunrise: 06:38
Sunset: 17:38

Notícias relacionadas

Categorias

Redes Sociais

Clique para ouvir áudio