Muitas vezes tento imaginar como se sentiam os portugueses durante as Grandes Navegações.
Imagine o cenário: Portugal era considerado o fim do mundo.
Para eles, à época, nada existia para além daquele infinito oceano azul.
Ainda assim, uma estranha força os empurrava em direção ao mar, ao desconhecido.
Era quase como um destino irremediável ligado à aventura e à descoberta — um fado.
Por séculos, portugueses se lançaram (e ainda se lançam) ao mar.
Hoje, cerca de 2,1 milhões de portugueses vivem fora de seu país de origem, representando aproximadamente 21% da população nacional, segundo dados oficiais.
Talvez seja esse o mesmo impulso que hoje me alcança.
Minha herança lusitana faz-me encarar o mar.
Não o Oceano Atlântico, mas o mar do desconhecido.
A correnteza imparável do tempo, que carrega as águas sempre em direção ao futuro, não nos dá outra alternativa senão navegar.
Tenho medo, confesso.
Medo do naufrágio, da frustração de uma viagem perdida, da solidão do mar.
Não sabemos o que encontraremos do outro lado, nem aonde vamos chegar.
Mas, ao mesmo tempo, sinto uma atração quase magnética em direção ao que ainda não conheço.
2026 é um oceano ainda inexplorado, mas que logo, inevitavelmente, teremos de desbravar.
Para embarcar numa viagem como essa, sempre corremos grandes riscos.
O caminho será turbulento e, como recompensa, apenas promessas — nunca certezas.
Não há garantias. Nunca houve.
Ainda assim, apesar das inseguranças, sinto uma brisa esperançosa irresistível vinda desse mar aberto.
Espero que, neste novo ano, possamos todos alcançar um Novo Mundo, como aqueles que um dia se lançaram ao mar sem saber se voltariam.








