Quando criança, na esquina da minha rua havia uma loja de doces que parecia ter saído de um conto de fadas, de tão encantadora que era. Suas vitrines eram enfeitadas com confeitos multicoloridos e potes com balas, bombons, pirulitos e tudo mais que encantava os olhos. Da calçada, o aroma de açúcar e baunilha invadia o ar e convidava os transeuntes a entrar, nem que fosse somente para olhar.
Mas a linda loja era muito mais do que um simples espaço onde se comprava doces. Era o local das fantasias de aniversário, onde “crianças” de todas as idades iam escolher doces e bolos que fariam parte de um dos dias mais esperados do ano. A visita à loja acontecia na semana do aniversário, e era um ritual que ficaria para sempre na memória.
Me lembro bem como era. Ao chegar na loja de doces, meus olhos mal sabiam para onde olhar, tantas eram as opções: chocolate, trufas, bombons recheados, brigadeiros, tabletes, língua de gato, entre outros. Balas multicoloridas de todas as formas e tamanhos enchiam as prateleiras e, no fundo, havia os docinhos confeitados com primor, uma verdadeira obra de arte que pareciam ser feitos por fadas. E o maior espetáculo: os bolos.
Escolher os doces da minha festa de aniversário não era tarefa fácil, mas havia aqueles que não podiam faltar – brigadeiros, beijinhos, cajuzinhos e a famosa cascata de balas de coco. E o bolo de aniversário… Ah! O bolo, sem dúvida nenhuma, era o protagonista da festa, o símbolo de uma celebração. Escolher o bolo era uma tarefa muito importante, e aí vinha a clássica pergunta: qual o sabor? Parece uma escolha simples, porém, não é!
Tem o tradicional de chocolate com brigadeiro, o de frutas com cobertura de chantilly e até os de sabores excêntricos, como o de laranja com calda de maracujá. Hoje, adulta, quando vou escolher meu bolo de aniversário, entre uma escolha e outra, vem sempre uma avalanche de recordações da infância: a loja de doces, o bolo da avó, o bolo de cenoura com chocolate, o primeiro bolo que fiz sozinha – todos com sabor de saudades.
A escolha do bolo vai além da loja de doces. É um ato de carinho, um presente feito de açúcar e afeto. No dia da festa, quando chega o bolo, há um momento de silêncio reverente e admiração. Ao final, o que fica não é só o doce sabor na boca, mas a sensação de que o bolo é mais do que um detalhe – é parte de uma memória de aniversários passados.