A história de hoje recorda uma partida de futebol entre a Associação Esportiva Guaratinguetá e o São Paulo Futebol Clube de Pindamonhangaba no final da década de 40. A partida foi comentada na edição de 13/5/1945 do jornal Tribuna do Norte, sendo o artigo identificado como sendo de autoria do cronista esportivo do jornal “O Eco”, de Guaratinguetá, Mário de Araújo Santos. Narrava o cronista, “Em 6 de maio, o São Paulo FC deixou de trazer os louros da vitória para Pindamonhangaba, ao enfrentar a Esportiva de Guaratinguetá na ‘terra das garças brancas’”.
O fato de haver se identificado como sendo de um periódico de Guaratinguetá não impediu o cronista de revelar sua opinião favorável à equipe local: “Muito embora a decisão de uma partida de futebol se dê pelo número de gols, não podemos deixar despercebida a superioridade do São Paulo sobre a Associação no jogo de domingo…” Em seguida, vêm os comentários sobre a partida, trazendo, na íntegra, as considerações do cronista Mário de Araújo Santos: “Às 15h35 alinham-se os quadros do São Paulo com a seguinte organização: Ireno, Manolo e Jovanelli; Valdemar, Doca e Alcino; Edy, Ronconi, Gê, Oscar e Romeu. Logo nos primeiros minutos da peleja, o tricolor pindense organiza diversos ataques enquanto que os locais não conseguem fazer um sequer.
Os pupilos de Carecas se compreendem plenamente deixando a defesa da Esportiva desnorteada perante tantas ofensivas. A torcida guaratinguetaense vendo que a linha dianteira de seu quadro não alcança a área perigosa sampaulina, reclama exigindo melhor desenvolvimento dos seus jogadores. Assim vai até aos 10 minutos de peleja e é quando a gloriosa consegue se compreender e desenvolver um padrão de jogo melhor ao dantes. Aos 24 minutos, Hélio assinala o primeiro tento da Esportiva. Logo depois os locais fazem opressão à defesa do São Paulo, então, podemos ver uma bela defesa de Ireno, goleiro do tricolor, ao saltar nos pés de Geraldão que ameaçava sua meta.
Os pindenses voltam ao ataque, chutam em gol várias vezes, mas nada conseguem devido à perícia de Dante, arqueiro da Associação. Aos 34 minutos a Esportiva marca o seu segundo gol por intermédio de Basoca. Mais 11 minutos de jogo e termina a primeira fase com o placar de 2 a 0, favoráveis aos locais. No vestiário, Careca junta os rapazes e lhes dá nova orientação. Inicia-se a segunda fase. Os tricolores pindenses demonstram mais vontade de vencer e tentam um gol ameaçando a cidadela de Dante.
Mais uns instantes, Edy centra com violência e, ao ser rebatida por Lê, do alvinegro, vai às redes, Primeiro gol do São Paulo. A partida continua bem movimentada com insistentes ataques do São Paulo até que o juiz apite o término da peleja com o escore de 2 a 1 favorável à Associação Esportiva de Guaratinguetá.” O artigo é concluído com a opinião do cronista sobre a atuação do árbitro: “Juiz: Telê Marcondes, regular”.
São Paulo Futebol Clube de Pindamonhangaba
Segundo o escritor e pesquisador Francisco Piorino Filho, autor que mais tem contribuído na produção de livros (arcando com os custos da publicação), que objetivam o resgate histórico da vida e obra de ilustres filhos de Pindamonhangaba, a agremiação tricolor local foi fundada em 1940. Seu primeiro campo era no bairro Boa Vista, nas antigas instalações da Cia Fluminense de Refrigerantes Coca Cola, onde atraía os moradores da Pindamonhangaba antiga para assistir seus jogos. Depois seu campo passou a ser no bairro Alto do Tabaú (próximo à rua Dimitrius Stambulus). De lá se estabeleceu de vez no local onde se encontra atualmente, no Parque São Domingos, onde foi construído seu estádio, denominado José Rodrigues Alves (fundador do clube).
Entre as diversas entidades presididas por Piorino Filho, o São Paulo também esteve sob sua direção (período de 1965 a 1970). Relembrando o surgimento do estádio, o escritor conta que foi um objetivo alcançado graças ao idealismo, sacrifício e união de parte da diretoria sampaulina e cidadãos amigos, que se irmanaram numa só campanha, num só ideal, depois que o então prefeito de Pindamonhangaba, o médico Dr. Francisco Romano de Oliveira, haver promulgado a lei municipal nº 417, de autoria do vereador Alcides Ramos Nogueira, “…autorizando o município a ceder, em comodato, a área de terreno à referida agremiação futebolística”.
Associação Esportiva Guaratinguetá
Fundada no dia 9 de julho de 1914, tendo sido oficializada como sua data de fundação o dia 3 de novembro de 1915. A “Esportiva“, como era mais conhecida, tinha como mascote e alcunha o “Lobo do Vale“. Em 1915 seu nome era Associação Sportiva Guaratinguetá, mudando para a grafia atual na década de 30.
Foi uma das equipes mais tradicionais do Vale do Paraíba e do Estado de São Paulo, além de ser o 1º clube de Guaratinguetá a disputar uma divisão estadual. Até 1965, mandava seus jogos no estádio Dr. Benedito Meirelles. Começou no amadorismo, sendo um representante esportivo de referência na região do Vale do Paraíba, conquistando títulos locais e regionais. Curiosamente, a Esportiva nasceu alvinegra, só adotando as cores vermelha e branca na época do profissionalismo na década de 50. Em 1954 adotou o profissionalismo ao assumir a disputa do Campeonato Paulista da 2ª Divisão.
Após campanhas medianas, alcançou a maior conquista da sua história: Em 1960, foi campeã da Segunda Divisão Paulista (atual A-2). Conquistou o título e o acesso à elite do futebol paulista, em 30 de outubro, com uma goleada por 5 a 0 em cima do XV de Jaú, chegando a 28 pontos, seguido de Catanduva e Batatais, com 27 pontos cada. Disputou entre 1961 e 1964, a elite do Futebol Paulista tendo como feitos vencer o Santos, de Pelé por 3 a 0; e o Corinthians, também pelo placar de 3 a 0. Totalizou 37 participações nas competições organizadas pela FPF (Federação Paulista de Futebol), sendo que apenas na divisão de acesso ao futebol de elite, foram 23: 1956, 1957, 1958, 1959, 1960, 1965, 1966, 1967, 1968, 1969, 1970, 1971, 1972, 1973, 1974, 1975, 1976, 1977, 1978, 1979, 1980, 1981 e 1988.
Em 7 de Setembro de 1965, troca de estádio e passa a jogar no estádio Dario Rodrigues Leite, conhecido como “Ninho da Garça“, inaugurado neste dia com uma partida festiva entre a Esportiva e o Taubaté. Seus maiores rivais foram o Esporte Clube Taubaté, os “São José’s” (tanto o “Formigão” quanto a “Águia“, seus arquirrivais dos anos 60, 70 e 80), o Esporte Clube Aparecida (não confundir com Aparecida Esporte Clube), e o Cruzeiro Futebol Clube. Com este último, fez memoráveis embates na Segunda Divisão, entre 1982 e 1987.
Após participação na Copa São Paulo de Futebol Júnior, e por grave crise financeira, fechou as portas e foi extinto, em 1998. O Ninho da Garça foi tomado de volta pela prefeitura de Guaratinguetá por meio de decreto. Em 2012 e 2015, tentou voltar a se filiar na FPF, mas sem sucesso. Em seu lugar entrou o Guaratinguetá Esporte Clube (posteriormente Guaratinguetá Futebol), fundado em 1º de outubro de 1998 e licenciado desde 2017. Fontes: Terceiro Tempo – Wikipédia