
Escritora, poetisa e
membro da
APL – Academia
Pindamonhangabense
de Letras
A Escola de Pharmacia e de Odontologia de Pindamonhangaba foi criada por lei da Câmara Municipal, em 4 de agosto de 1913, graças aos esforços de ilustres pindamonhangabenses, dentre eles, os doutores João Romeiro, Fontes Júnior e Claro César, este, designado diretor da primeira Escola Superior da Princesa do Norte.

Tão logo o corpo docente foi constituído, o senador Dr. Gustavo de Godoy apresentou o pedido de reconhecimento da instituição nas duas casas do Congresso. Tendo sido aprovada tal solicitação, a lei foi imediatamente sancionada por Rodrigues Alves, no dia 4 de novembro de 1915.
Athayde Marcondes, em sua obra “Pindamonhangaba através de dois e meio séculos”, revela-nos que, tão logo a notícia foi declarada, os estudantes e a população “vibraram de enthusiasmo inexcedível”. Após a chancela do Estado, a Princesa do Norte passou a ser um centro de convergência de estudantes do Vale do Paraíba e de outros estados, e isso atraiu riqueza e prosperidade para o comércio local e para o município.
Em decorrência do aumento crescente do número de estudantes, Dr. Claro Cesar foi obrigado a arrendar o “Palacete Lessa” – Museu Histórico e Pedagógico D. Pedro I e D. Leopoldina – e providenciar as adaptações necessárias para abrigar as salas de aula e administração, bem como os laboratórios e consultórios odontológicos indispensáveis à formação de mais de 500 alunos.
Após sofrer uma série de denúncias de irregularidades, a escola teve seu reconhecimento suspenso por decreto de 29 de abril de 1929, assinado pelo presidente do Estado, Júlio Prestes, do Partido Republicano Paulista.
Em meio a uma das maiores polêmicas já registradas na história política de Pindamonhangaba, dirigida por líderes do Partido Republicano Municipal, esforços foram enviados para manter a faculdade em funcionamento. O debate ocupou as páginas da Tribuna do Norte e da Folha do Norte em várias edições, entretanto, a crise do estabelecimento de ensino vinha se arrastando há anos, comprometendo o nome da instituição e, consequentemente, o interesse de novos calouros.
A cada ano letivo, a queda do número de matriculados mais se acentuava: 970 estudantes, em 1925; 630, em 1926; 597, em 1927; e apenas 340 em 1928, último ano em que a Escola de Pharmacia e Odontologia de Pindamonhangaba funcionou.
Esse contingente de alunos evidencia a importância que a instituição teve para a vida da Princesa do Norte, cuja população, à época, não chegava a dez mil habitantes.
Em 1929, com o fechamento da instituição e, de modo especial, com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, o desastre econômico foi inevitável, impactando diversos setores da economia local, que só se reergueu a partir dos anos de 1950, graças à industrialização do Vale do Paraíba e à construção da Rodovia Presidente Dutra.
Nos 15 anos de sua história, a Escola de Pharmacia e de Odontologia de Pindamonhangaba formou centenas de farmacêuticos e de cirurgiões-dentistas que, permanecendo na Princesa do Norte ou partindo para outras localidades, exerceram seus ofícios e conquistaram glória profissional.
Além do seu pioneirismo, incalculáveis foram os méritos da 1ª Escola de Ensino Superior de Pindamonhangaba. Fico a imaginar, em pleno início do século 20, o leque de possibilidades profissionais que se abriu para as moças, as quais, numa época em que para a grande maioria delas era convencionada a carreira do magistério, tiveram a oportunidade de conquistar uma profissão na área da saúde.
Esse capítulo tão significativo da história de Pindamonhangaba está em aberto. Como protestou Eloyna Salgado Ribeiro em seu livro “A Vida nos Balcões da Pequena Pindamonhangaba”, a história da nossa “Princesa do Norte” é muito rica em acontecimentos e personagens. Mas é pobre em livros a respeito deles. Essa história é digna de uma obra só dela!