“Nenhuma palavra “designa com perfeição a potência de sua ação no mundo”; no entanto, é das palavras que nos valemos para, por exemplo, “evocar o rosto de uma pessoa que amamos – e vai se despalavrar”. É com essa poesia e essa ternura que o narrador de “Elegia do irmão” compõe um delicado relicário de sua relação – extremamente fraternal – com a irmã, que, diagnosticada com uma grave doença, está se despedindo da vida. É dessa potência e dessa beleza que é feita a literatura do contista e romancista João Anzanello Carrascoza.
O romance fala da finitude com a força de quem se serve das lembranças e da linguagem para prolongar a presença de quem parte, absorvendo do efêmero a porção permanente – guardada para sempre pela memória daquele que ama e usa a voz para eternizá-la.
Em capítulos curtos -como parecem ser os instantes vividos ao lado das pessoas mais queridas -, essa elegia, termo que originalmente equivale a um lamento triste e fúnebre, celebra a vida, a qual, a despeito de não ter sua potência perfeitamente reunida na palavra que a designa, é, sem dúvida, o que temos de mais lindo e poderoso!”.
Oportunidade imperdível:
João Anzanello Carrascoza estará em nossa cidade, na próxima reunião solene da Academia Pindamonhangabense de Letras, no dia 29 de setembro, a partir das 19h30. Todo mundo convidado!