
A história da cidade também se escreve na vida dos que aqui vivem. Entre essas histórias está a de Luiza Aparecida, que acompanha cada mudança, cada conquista e cada desafio da cidade há décadas. Leitora dedicada do jornal, moradora atenta e apaixonada por Pinda, ela acompanha, há mais de meio século, a Tribuna do Norte.
Aos 90 anos, ela mantém uma rotina de leitura e preservação da memória local. Em tempos de mudanças e digitalização dos meios, Luiza representa uma parcela fiel do público que ainda valoriza o papel e a experiência física com o jornal. Sua trajetória ajuda a refletir sobre o papel da imprensa local e a convivência entre o tradicional e o digital.
Luiza Aparecida Miranda de Barros Abreu, conhecida como Dona Lô ou Lozinha, nasceu em Passa-Vinte (MG), em 1935, e chegou a Pindamonhangaba com três anos de idade. Seu pai, Jesus Antônio de Miranda (1906–1971), foi um importante fazendeiro da região, com terras nas proximidades do Ribeirão Grande, onde Luiza viveu até os 25 anos. Casou-se, em 1960, com Nelson de Barros Abreu (1931–2011) e se mudou para Taubaté, mas nunca rompeu os laços com Pinda. Tanto é que todos os seis filhos nasceram em Pindamonhangaba, apesar de a família residir na cidade vizinha.
Em 1972, a família voltou a morar em Pinda, na casa onde Dona Lozinha vive até hoje. Foi também nesse ano que ela começou a acompanhar diariamente a Tribuna do Norte — hábito que se mantém há 52 anos. É por meio da Tribuna que ela se informa sobre tudo o que acontece na cidade e, a partir disso, celebra conquistas esportivas, visita novos lugares e debate os temas locais com amigos e familiares. Defensora fervorosa da cidade, não admite críticas pejorativas a Pinda.
A leitura acontece no antigo escritório do marido, na casa da família, onde são preservadas enciclopédias, documentos, fotografias, livros e recortes antigos do jornal — um verdadeiro acervo que conta a história da cidade. Entre as seções favoritas, ela guarda, principalmente, as páginas de História assinadas pelo jornalista Altair Carvalho.
Ela lembra que, antigamente, a cidade praticamente terminava na altura da Igreja de São Benedito — área hoje considerada central. Para ela, as mudanças foram positivas e o “progresso”, como ela mesma menciona, trouxe melhorias.
Mas Luiza não se limita a “apenas” ler as notícias. Gosta de visitar pessoalmente os locais citados na Tribuna — sejam novas inaugurações, reformas ou eventos — para verificar se tudo está em ordem, como uma verdadeira guardiã da cidade.
Durante a entrevista com Dona Lozinha, a discussão sobre o jornal impresso foi um dos temas centrais. Em tempos em que muitos periódicos tradicionais têm migrado exclusivamente para o digital, existe o risco de afastar um público habituado ao papel. A Tribuna do Norte, no entanto, tem buscado manter a tradição sem abrir mão da modernidade — com presença nos dois formatos. Tornando, assim, a informação cada vez mais acessível para todos os públicos.