
Quarta-feira, dia de sacolão no supermercado. Estava eu escolhendo maçãs para fazer uma torta, quando do outro lado da banca, estavam as laranjas. Um homem parou em frente a ela. O homem era de meia idade, alto, magro, cabelos grisalhos despenteados, bigodão, cavanhaque, suas faces estavam rosadas e segurava na mão uma bengala prateada, que mais parecia ser uma espada reluzente. Ele pegava uma laranja olhava, cheirava devolvia para a banca a sua frente, pegava outra fazia a mesma coisa, fez isso umas cinco vezes. Finalmente colocou na sacolinha uma só laranja. Olhei novamente para ele, seus olhos cruzaram com os meus.
Levei um susto parecia a personificação de Dom Quixote, sim, Dom Quixote de La Mancha, o Ingenioso Hidalgo Don Quixote de La Mancha! Estaria ele vagando pelo supermercado a procura de sua amada imaginária Dulcinéia? Vindo da era medieval teria chegado ao século XXI a sua procura? Não estava montado em seu cavalo Rocinante, nem tão pouco vestindo uma armadura, se bem que o colete que ele trajava parecia uma armadura. Também não estava acompanhado de seu fiel escudeiro o Sancho Pança. Pensei, com quem ele travava as batalhas agora? Não eram mais os moinhos de vento que pensava ser gigantes, ou as ovelhas nem os exércitos inimigos. Seriam a intolerância, ganância, falta de amor presentes no mundo atual? Assim como o Dom Quixote do livro, eu já estava misturando fantasia e realidade!
Voltei às minhas compras ainda tinha muito o que escolher entre as bancas da parte de hortifruti do supermercado e outros itens da minha lista de compras pois iria fazer a famosa torta de maçãs americana. Confesso que foi um agradável devaneio encontrar o “Dom Quixote do supermercado”. Será que existiriam mais “Dons Quixotes” a vagar por aí? Fiquemos atentos. Qualquer hora poderemos cruzar com eles. A tempo, a torta de maçãs ficou uma delícia.