Emílio Zalluar e o Palacete da Palmeira
Quando Emílio Zalluar visitou Pindamonhangaba, nos anos de 1860, sua atenção foi atraída pelo grande número de prédios que adornavam as ruas da cidade. Entre eles, destacou-se o solar do Capitão Antônio Salgado Silva (1805–1888), nomeado Barão da Palmeira em 1866 e Visconde da Palmeira em 1867. Ele descreveu o prédio como um “palacete de fino gosto, ainda não acabado, mas que denuncia já um brilhante edifício”.
A planta do solar é atribuída ao mestre de obras Francisco Antônio Pereira de Carvalho, conhecido como “Chiquinho do Gregório”, um português com notável talento artístico. O edifício, projetado no estilo colonial clássico, possui paredes externas construídas em taipa de pilão e paredes internas em pau a pique, além de 28 janelas distribuídas nas duas faces.
Detalhes e Estrutura
O palacete é um primor arquitetônico: pisos de mármore e cerâmica norueguesa, janelas de cristal bisotado, claraboias, tetos decorados com fino estuque, lambris de jacarandá, e paredes móveis que transformam três salas em um grande salão de festas. O terraço, considerado o mais alto do Brasil construído em taipa, é uma réplica em miniatura da fachada principal e abriga um repuxo com sistema hidráulico projetado por franceses.
Recepção de Dignitários e Funções ao Longo do Tempo
Desde sua inauguração, o Palacete da Palmeira foi cenário de eventos memoráveis, como bailes e recepções de gala. Em 1878, abrigou D. Pedro II, a Imperatriz D. Teresa Cristina, o Conde D’Eu, a Princesa Isabel e a comitiva imperial. Posteriormente, o palacete desempenhou diversas funções: foi sede da Escola de Pharmacia e Odontologia de Pindamonhangaba (1919–1929), do Ginásio Municipal, e durante a Revolução Constitucionalista de 1932, tornou-se um Hospital de Sangue.
Ao longo das décadas, acolheu várias instituições educacionais, incluindo a Escola Normal “João Gomes de Araújo” e a Biblioteca Pública Municipal.
Transformação em Museu e Tombamento
O Decreto Estadual nº 30.324 de 10 de dezembro de 1957 criou o “Museu Histórico e Pedagógico D. Pedro I e D. Leopoldina” no palacete. Em 1969, foi tombado como Monumento Histórico Paulista pelo CONDEPHAAT. Reformas ao longo dos anos adaptaram o prédio para diferentes usos, culminando em uma intervenção significativa em 2020, atendendo ao Termo de Ajustamento de Conduta assinado em 2012.
Legado e Memória
Em 1987, o Governo do Estado doou o imóvel ao município, e em 2013 seu acervo, com mais de 9 mil itens, foi municipalizado. De palacete a museu, este marco histórico de Pindamonhangaba testemunhou séculos de história, sendo um espaço de memória para seus habitantes, trabalhadores, estudantes e visitantes.
As portas e janelas centenárias do Palacete da Palmeira guardam muitas histórias: as dos que o construíram, dos barões e viscondes que ali viveram, dos professores e alunos das escolas, e dos visitantes que até hoje se encantam com sua beleza e importância histórica.
E você? Que história tem para nos contar?