Em nossas garimpadas pelos arquivos do jornal Tribuna do Norte logramos encontrar o nome de Américo Juvenal de Faria e identificá-lo como aquele que foi um incansável tipógrafo a serviço da folha do Dr. João Romeiro no século XX.
Juvenal, respeitado artista gráfico da “letra por letra, tipo por tipo”, por sete décadas de trabalho prestado serviu à Tribuna, assim como por sete décadas também serviu à Tribuna, ou seja, foi-lhe extremamente útil.
Saborosas e idênticas reminiscências fazem coro quando o relembrado é outro nome inesquecível na galeria dos que se dedicaram à Tribuna: Argemiro Cypriano de Oliveira. Além dos serviços gráficos prestados à Tribuna com a participação de sua própria família, Argemiro ocupou o cargo de diretor do jornal em seis oportunidades, foi também redator, cronista e impressor. Em sua longa trajetória profissional, que teriam sido 57 anos, atuou na parte gráfica e administrativa do jornal.
Em artigo publicado na edição de 11/6/1968, aniversário de 86 anos do jornal, quando se despedia da Tribuna, o próprio Argemiro ao revelar seus primeiros passos na carreira de tipógrafo relembrou a sua ligação profissional e amiga com o gráfico Juvenal:
“Fevereiro de 1912… Dois molecotes inseparáveis, recém-diplomados pelo Grupo Escolar Dr. Alfredo Pujol – José de Souza (Zé Curtinho) e o rabiscador desta, que abaixo assina, resolveram aprender o ofício de lidar com aqueles ferrinhos que tinham letras na ponta. No dia seguinte puseram em execução o combinado na véspera. Procuraram o proprietário da Tipografia Radium, localizada nos baixos do sobrado do sr. Gondiães, onde hoje está situada a Farmácia Santa Tereza, e lá, conversando com o jovem Juvenal de Faria, foram admitidos como aprendizes de tipógrafos.”
Portanto, Juvenal fora o mestre de Argemiro e ele seu discípulo.
A condecoração de Juvenal
Na edição de 17/6/1972, em matéria intitulada “Os 90 anos de Tribuna do Norte”, o jornal comentou a solenidade comemorativa realizada para homenagear a data. O evento teve como palestrante o literato pindamonhangabense, membro da Academia Paulista de Letras, Jannart Moutinho Ribeiro. Coube a esse escritor discorrer sobre as origens e desenvolvimento da imprensa; relembrar curiosidades sobre velhos diretores da Tribuna; falar de seu primeiro contato e de seu primeiro artigo para a Tribuna.
Após seu pronunciamento, coube ao acadêmico fazer uma merecida premiação: condecorar o tipógrafo Juvenal de Faria com uma placa alusiva aos seus 70 anos de serviços prestados e dedicação ao jornal Tribuna do Norte.
A morte de Juvenal
A homenagem – felizmente – chegara em tempo. No final do ano seguinte ao recebimento da condecoração, Juvenal morreu.
Com o título “Morreu Juvenal, um velho servidor da nossa Imprensa”, a Tribuna trazia a triste nota na primeira página da edição de 7 de setembro de 1973:
“Pouco antes de fechar esta edição, recebíamos, contristados, a notícia do falecimento no Rio de Janeiro, do nosso amigo e antigo servidor da Tribuna do Norte, Américo Juvenal de Faria. Juvenal cresceu dentro das redações dos nossos jornais, e dedicou toda sua vida ao jornalismo local. Sua morte enlutou, não só nossa imprensa, mas toda a cidade. Adeus companheiro!”
Impossível, enquanto também servidor desta folha criada pelo mestre Dr. João Romeiro, não relembrarmos, admirarmos, aplaudirmos e agradecermos àqueles que se doaram, se dedicaram em benefício da sobrevivência da Tribuna nos momentos em que ela mais precisou de apoio para que continuasse viva.
Nosso reconhecimento àqueles que não mediram esforços para que o jornal sobrevivesse às intempéries geradas pelas dificuldades e carências enfrentadas ao longo de sua caminhada. Àqueles que amaram e àqueles que hoje têm carinho pelo jornal Tribuna do Norte.
Os homens passam, as entidades permanecem ainda por mais tempo. Homens centenários são mais difíceis de serem encontrados.
