A palavra feedback é uma palavra da língua inglesa que, em uma tradução aproximada de sua junção (feed – alimentar e back – voltar), significa retroalimentação: receber de volta algo para suprir a fonte. Oriundo do século XVIII, no auge da primeira revolução industrial, o termo feedback foi cunhado no meio industrial por James Watt, que descobriu como otimizar a utilização de combustíveis desperdiçados nas máquinas, sendo melhor definido o modo que a energia retornava ao seu ponto inicial em um sistema mecânico.
Na atualidade, o conceito de feedback foi absorvido pelos campos da Gestão de Negócios e Recursos Humanos, sendo aplicado, principalmente em organizações com produção de larga escala, que exige uma performance da marca da empresa na sociedade. Implementar uma cultura de feedback em organizações requer visão estratégica para estabelecer processos formativos em toda a organização, de modo que, em um médio prazo, seja integrado o princípio da transparência e assertividade na comunicação verbal e não verbal por parte de todos os colaboradores.
Implementar a cultura de feedback não é tão simples como parece, haja vista que, de acordo com pesquisa realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae, 2023), até 30% das micro e pequenas empresas declaram falência em até cinco anos de oferta de serviço por ausência de plano de negócios, revelando um descompasso entre oferta e demanda no mercado. Tal como dito pelo “gato” à Alice, no clássico conto infantil inglês “Alice no País das maravilhas”, de 1865: “[…] quem não tem para onde ir, qualquer caminho serve”, sem um plano de negócios, com políticas e cultura organizacional implantada, qualquer caminho serve, todos fadados ao fracasso da organização.
Ainda sobre o desafio de implantação da cultura de feedback em organizações, o conceito histórico e sociológico de “Homem Cordial” de Sérgio Buarque de Holanda, desenvolvido em seu livro “Raízes do Brasil”, de 1936, deixa pistas para entendermos o motivo da ausência da cultura de feedback, não somente em organizações, mas na sociedade como um todo.
De acordo com Sergio Buarque de Holanda a cordialidade brasileira é dúbia, demonstrando, por um lado, verdadeira simpatia externa, como alguém que quer bem ao outro, mas, por outro, demonstra ardileza interna, sendo astuto para não cumprir o que foi dito ao outro. Trata-se de uma maquiagem da realidade, como o caso de alguém que quer transmitir uma boa imagem e estar bem com o outro, inclusive sendo simpático e solidário, mas, ao mesmo tempo, internamente, reconhece e desaprova ações e comportamentos alheios, preferindo, porém, esquivar-se do conflito, mesmo na condição de superior imediato; este encontra na linguagem, por meio de eufemismos, a fórmula para não dizer “não” de modo direto, bem como não aplicar o feedback, principalmente quando se é negativo, preservando-se do risco de perder o afeto construído, tendo ciência, no entanto, de que o problema permanece latente, blindado pelo melindre pessoal e coletivo.
Em suma, implantar uma cultura de feedback requer empenho de toda a organização, iniciando pela equipe diretiva, em efeito cascata para todos os colaboradores, cujo resultado esperado não pode ser outro se não maior produtividade do produto final e desenvolvimento humano e felicidade entre os colaboradores, por participar da construção conjunta da verdade. Cultura