
Escritora, poetisa e
membro da
APL – Academia
Pindamonhangabense
de Letras
Na era da Revolução Digital, em que uma mensagem escrita, de voz ou de vídeo, chega em milésimos de segundos ao outro lado do mundo, não podemos imaginar como eram os primórdios da telecomunicação em Pindamonhangaba!
Athayde Marcondes, em “Pindamonhangaba através de dois e meio séculos”, conta-nos que a primeira linha telefônica que se estabeleceu na Princesa do Norte, cujo concessionário foi Antônio Alves Moutinho, tinha uma extensão diminuta no começo. Em 1916, a “Companhia Rêde Telephonica Bragantina” comprou aquela linha e, desde então, começou a prosperar, ainda mais depois que passou a uma companhia inglesa.
À época, as linhas telefônicas estenderam-se para diversos pontos do município, tendo sido colocados 200 aparelhos nas residências das famílias mais abastadas do centro e de Moreira César. Para os demais munícipes, havia um Posto Telefônico alocado no Casarão da Família Salles, à Rua Bicudo Leme, com atendimento dia e noite, cujas operadoras eram jovens senhoritas.
Para efetuar uma ligação, o cliente ia até o Posto Telefônico, solicitava a ligação e ficava aguardando até que uma das telefonistas conseguisse a linha solicitada num dos painéis de operação e, numa das cabines, atendia ao chamado. Ou, com hora pré-agendada, dirigia-se até o Posto Telefônico para atender ao chamado de outra localidade – municipal, estadual, interestadual ou internacional.
O mensageiro corria a cidade para entregar as missivas do Posto Telefônico às residências e retornava logo, pois as solicitações eram ininterruptas. Outro funcionário indispensável ao serviço da telefonia era o guarda-fio – quem se recorda do Seu Alcides? -, contratado como olheiro do patrimônio da empresa e, para além das inspeções de rotina, era a linha de frente da prevenção e combate às queimadas, destruição e/ou furto de materiais das redes e, também, no cuidado com os painéis do Posto Telefônico.
Na Pindamonhangaba de 1960, um “time” memorável de telefonistas, sob a chefia do Seu Lanzoni, prestava atendimento ao público (vide foto, da esquerda para a direita): Celeste Salgado, Nair Cavalheiro, D. Maria, Zeli, Claudete César Jardim, D. Bizuca, Ednísia Bondioli, Ruth dos Santos, esta acompanhada de sua filha Rute Eliana. Embora não estejam presentes na foto, é imprescindível não nos esquecermos de Ody, Anita, Lourdinha, Odete, Marlene, Maria Helena, Iracema, Risoleta, Wanda e tantas outras telefonistas que, por mais de oito décadas, prestaram serviço à “Companhia de Telefonia Brasileira”, à “Companhia Telefônica de Pindamonhangaba” e, por fim, à “Telesp”.
Em decorrência do avanço tecnológico das telecomunicações no Brasil e no mundo, a rede de telefonia ampliou-se consideravelmente, de modo que milhares de linhas foram disponibilizadas à população, os aparelhos telefônicos ganharam autonomia para ligações de longa distância e, num curto espaço de tempo, tornaram-se obsoletos diante do império gigantesco da telefonia celular e da rede de tecnologia que possibilitaram a conexão de pessoas nos quatro cantos do mundo.
Pouco a pouco, os Postos Telefônicos foram sendo desativados; os funcionários foram sendo substituídos por outros profissionais; as antigas empresas foram sendo substituídas e/ou transformadas em empresas de telefonia sem fio – TIM, CLARO, OI, VIVO… O mundo, de repente, coube na palma de nossa mão! Um toque no celular e, em tempo real, estamos conectados à América, Europa, África, Ásia, Oceania.
Ao adentrarmos a Era da Inteligência Artificial que, a cada dia, se moderniza na velocidade da luz, sonho com uma invenção auspiciosa: um aparelho que nos teletransporte ao passado, ao Posto de Telefone do Casarão da Família Salles e, com a ajuda das nossas hábeis telefonistas, possamos conversar com entes queridos do passado ou com aqueles que não tivemos oportunidade de encontrar neste plano terreno e a quem muito admiramos por suas histórias e conquistas…
Alô? Com quem deseja falar?!?