No início de novembro foi comemorado o Dia do Cinema, em celebração à primeira sessão pública e paga realizada em Paris pelos irmãos Auguste e Louis Lumière, em 1895. Quando o cinema completou 100 anos, a situação da sétima arte no Brasil não era das melhores. Esta edição da coluna Da Redação resgata esse momento por meio de depoimentos de quem fazia e amava cinema em nossa cidade, publicados na Tribuna em novembro de 1997: entrevistas com Osvaldo Leonel (ator, cineasta e antigo dublê do Mazzaropi) e Benedicto Apparecido Ribeiro (operador cinematográfico e cartazista).
Em 1990, o então presidente Fernando Collor de Mello extinguiu a Empresa Brasileira de Filmes (Embrafilme), estatal responsável por fomentar a produção e distribuição do cinema nacional. Durante seu governo, outros órgãos ligados à cultura também foram encerrados — inclusive o Ministério da Cultura. Com o fim da Embrafilme e da ausência de leis de incentivo, o Brasil passou a registrar números insignificantes de produção cinematográfica.
A recuperação começou em 1993, com a sanção da Lei do Audiovisual, e ganhou força em 2001, com a criação da Agência Nacional do Cinema (Ancine), órgão que substituiu a Embrafilme assumindo funções de fomento, regulação e fiscalização do setor. Esse período ficou conhecido como a Retomada do cinema brasileiro. Naquele contexto, Osvaldo Leonel afirmava que sem políticas públicas não havia caminho possível: “Se o governo ajudar hoje, vai ser uma beleza, porque nós temos tudo para dar certo. Mas sem apoio, o cinema não tem força”.
A crise não atingiu apenas a produção, mas também os antigos cinemas de rua. Benedicto Ribeiro lembrava, à época, que na década de 1960 Pinda possuía sete cinemas para cerca de 60 mil habitantes. Já nos anos 1990, com 130 mil moradores, não havia mais nenhum em funcionamento. Hoje, com aproximadamente 170 mil habitantes, Pindamonhangaba conta com apenas um cinema, localizado no Shopping Pátio Pinda.
Esse cenário segue uma tendência nacional. Segundo dados da Ancine, 2024, 88% das salas de cinema do Brasil estavam em shopping centers. Das 3.510 salas em operação, apenas 423 eram de rua — cerca de 12%.








