
Que chuva sem fim!
Vem caindo, escorregando…
Fustigando a rua.
Que tristeza sem fim
a da natureza.
Até os montes risonhos
quietam-se atrás de véus
neblinais.
A natureza chora chuva.
Que nostalgia sem fim
a minha.
Vem vindo, ficando…
Chove lágrimas de nostalgia!
Será meu pranto infinito
essa chuva sem fim?
Em cada gota saudades,
em cada saudade, você.
Este choro da chuva,
por que é assim?
Quando estava ao seu lado,
à sombra do seu coração,
a chuva chovia melodias.
Hoje, tão longe de você,
à sombra da fria distância,
a chuva chove lágrimas.
Alucinado pela realidade,
procuro na chuva-lágrima
a melodia e você.
Mas ninguém na chuva…
Sem melodias flutuantes.
Somente, em cada gota, lágrimas,
em cada lágrima, saudades…
Reginaldo Pinto, Jornal 7 Dias, 26 de julho de 1964