
Com entrada gratuita, a comédia é inspirada na figura de Pedro Malazarte, pícaro que vive na oralidade brasileira representando a astúcia, a profunda capacidade de maleabilidade e as artimanhas que o povo pobre enfrenta para driblar os poderes constituídos. É uma personagem rural, engraçada, que incorpora as mais diversas aventuras para representar a ideia de que o povo sabe encontrar frestas para comer, ganhar e se vingar também. A sabedoria do povo, eis o coração desse mito que ganha diversos nomes variados mundo afora.
A peça da Casa Realejo nasce após o grupo mergulhar por sete anos no universo malazarteano – seja contando suas histórias, lendo-as para pessoas com deficiências visuais ou adentrando nos escritos do livro Calidoscópio – A Saga de Pedro Malazarte, da escritora negra e caipira, Ruth Guimarães. É fruto do desejo de dialogar com o público de forma acessível e poética, ainda que o trabalho esteja munido de muita artesania.
A peça traz ao centro duas histórias conhecidas de Malazarte: a Panelinha Mágica e Sopa de Pedras. No segundo semestre de 2025, a peça circulará por 14 municípios do Vale do Paraíba e da Bacia do Juquery, com início no Instituto Ruth Guimarães, na cidade de Cachoeira Paulista, onde o grupo fará uma homenagem à escritora que tanto contribuiu para a nossa cultura brasileira.
Além de duas apresentações para o público de escolas públicas e público geral, haverá também oficinas de Comédia, de Dramaturgia e de Atuação, pelas quais será possível conhecer alguns princípios de criação teatral utilizados no trabalho.
Com essa circulação a Casa Realejo difunde histórias de Pedro Malazarte em cidades que cada vez mais se distanciam de suas raízes nascentes, histórias essas que constituem a própria formação do povo brasileiro em sua ampla diversidade. O caipira, dentro dessa formação, é uma das culturas ainda pouco respeitadas, o que revela nosso profundo desconhecimento enquanto nação das nossas próprias raízes.
A circulação do espetáculo contará com uma colheita de relatos onde as pessoas de diversos municípios poderão contar se conhecem e como conhecem o Malazarte. Através de registro audiovisual, essa colheita observa como o mito de Malazarte ainda está vivo no ano de 2025, fazendo assim uma espécie de comparação com o lavoro memorável da dona Ruth Guimarães, que tanto ouviu o povo simples e com seus relatos constituiu sua obra literária.
O projeto conta com subvenção de recurso do Proac-Lab – Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo / Lei Aldir Blanc, do Governo do Estado de São Paulo, Ministério da Cultura.
O Teatro Galpão fica na rua Jadir Figueira, 2750, no bairro Parque das Nações.