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Carlinhos Celidônio, uma terna Saudade…

José Valdez é médico, mestre e doutor pela USP, professor universitário, Magister ad Honorem da Universidade de Bolonha, e Professor Visitante das Universidades de Bonn, Munique, Colônia e Berlim (Alemanha). Professor Convidado da Universidade de Paris V (Sorbonne)

Sócrates, um dos grandes filósofos da Grécia antiga, escreveu que ninguém é feliz sem boas amizades e ninguém é bom amigo ou tem bons amigos sem a virtude. Platão, seu discípulo, dizia que a mais perfeita forma de amizade é aquela com a qual se ama o “próton philon”, ou seja, “o primeiro amigo”, o Bem em si, amável por si mesmo. Nessa mesma linha de pensamento, outro filósofo grego, Aristóteles, pontuava que a amizade é considerada um dos valores mais sublimes da vida humana, sendo ela uma forma de virtude na busca da felicidade plena.

Já nos tempos modernos, o filósofo alemão Nietzsche deixou claro em seus escritos que a amizade existe quando ela está alicerçada em alguma verdade mais elevada que é cultuar o bem-querer ao próximo, sem nada exigir em troca. Não podemos olvidar Santo Agostinho, bispo de Hipona, que destacava o grande valor da amizade, afirmando que é uma “predisposição recíproca que torna dois seres ciosos da felicidade um do outro. Os amigos são uma só alma”.

Tudo isso toma conta do meu pensamento quando recebi, aqui distante, em Florianópolis, a triste notícia da passagem para o mundo espiritual do estimado limoeirense Carlos Adalberto Celidônio, amigo incondicional, integrante da minha inesquecível Turma de 1965, concluintes do então ginásial do Colégio Diocesano Padre Anchieta de Limoeiro do Norte, a “Terra dos Jaguares”.

Carlinhos, como carinhosamente todos o chamavam, era agrônomo por formação e vocação. Professor universitário, um ecologista de verdade, que não se limitou ao discurso. Preocupado com o meio ambiente, em especial com o bioma da caatinga, criou uma verdadeira floresta entre os municípios de Russas e Limoeiro, dando um exemplo altivo e admirável de que tudo é possível realizar desde que se conserve o ideal e a dedicação.

Estivemos juntos nas comemorações dos oitenta anos do Diocesano em março desse ano. Participamos, ao lado de outros ex-alunos, de atividades interativas com alunos e professores do amado colégio. Simplesmente emocionante. Vi o interesse dos jovens em ouvir o que Carlinhos tinha a dizer. E o que dizer da sua generosidade para com todos que o procuravam? Acho que no seu dicionário não existia o vocábulo “não”. Com certeza ele era consciente dessa grande verdade: “Quem não vive para servir, não serve para viver!”.

Lembro-me bem das nossas últimas conversas. Transmitiu-me mais uma vez a ideia de que para conseguir a amizade de uma pessoa digna é preciso desenvolver em nós mesmos as qualidades que nela admiramos. No último dia das festividades do Diocesano, emocionamo-nos juntamente com outros amigos e contemporâneos, agradecendo, com lágrimas de emoção, por tudo quanto nosso amado Diocesano fez por nós, pela educação na boa terra e no Ceará. Ouviu atentamente a leitura da minha crônica alusiva ao evento e disparou um elogio (muito além do meu mérito!): “Tudo isso teria que partir de você! Você sintetizou o que sentimos hoje!”. Abraçou-me com muito carinho. Foi o prenúncio da despedida final.

Carlinhos voou para o infinito. Foi virar constelação como diz a música “Macunaíma” da inesquecível Clara Nunes. Carlinhos agora se chama saudades!

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