
“Daya, Terapeuta da
Alma” é Psicóloga,
idealizadora do
Instituto
Daya Shakti.
Transtorno delirante (CID 10 F.22), de acordo com Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, é “um transtorno marcado pela presença de um ou mais delírios, que são crenças firmemente mantidas, apesar de não serem baseadas na realidade, e que persistem ao longo do tempo”. O conteúdo do delírio pode variar, desde delírios de grandeza, perseguição, ciúmes, dentre outros.
Por conta da “onda” dos bebês reborn, muito tem se falado sobre o transtorno delirante. Seria delírio acreditar que uma boneca, um ser inanimado, tem direito a atendimento no SUS, como temos visto na mídia, ultimamente? Existe até projeto de lei, no Brasil, que prevê aplicação de multas para quem furar fila com os bebês reborn, por exemplo.
Antigamente, nos séculos XVIII, XIX e início do século XX, a moda era colecionar bonecas de porcelana. Agora, a moda são os bebês reborn, bonecas de cunho hiper realista. Se você ainda não ouviu falar desses bebês, sugiro que faça, agora, uma busca no Google e procure por imagens do mesmo. Você ficará surpreso com a similaridade destas bonecas com os bebês de verdade.
São bonecas lindinhas produzidas com muito esmero e cuidado, por artesãs e artesãos. Verdadeiros artistas que reproduzem a delicadeza e a fofurice de um bebê. Na verdade, alguns não tão fofos, pois são parecidos com elfos. Mas há quem goste; e gosto não se discute! (Ou se discute?!)
Grande parte dos bebês reborn são vendidos por encomenda e feitos de acordo com o pedido do cliente. Mulheres que perderam seus filhos podem, inclusive, mandar a foto do filho que veio a óbito. As artesãs podem reproduzir, com precisão, o peso (kg), a altura do bebê (cm), a cor da pele, a cor dos olhos e demais características únicas do filho que fora enterrado. E isso é, extremamente, reconfortante para a mãe que não pôde pegar o seu bebê no colo. E é aí que reside o seu cunho terapêutico.
Mas, a linha entre a saúde e a doença é uma linha muito tênue. Então, paradoxalmente, o mesmo bebê que fora adquirido para confortar emocionalmente os pais, pode interferir no processo de discernimento entre realidade, fantasia e delírio. Claro que cada caso é um caso e deve ser analisado cuidadosamente, por uma equipe de profissionais da saúde. Traumas que o indivíduo já sofreu, tendências, comportamentos, personalidade e o contexto de cada pessoa são fatores que devem ser analisados com muito esmero.
Acredito que todos nós devemos ficar atentos caso tenhamos em nosso convívio ou em nosso consultório “pais” de bebês reborn. Pode ser muito saudável. Mas, também pode ser um transtorno. Assim como, pode ser muito lúdico para as crianças e tem grande valia nas brincadeiras de infância. Os bebês são muito parecidos com os bebês de verdade!
Outro uso terapêutico dos bebês reborn é com idosos que sofrem de Alzheimer, depressão e/ou doenças degenerativas. Pretendo falar mais sobre isso, numa próxima coluna. Vale a pena nos atentarmos para as novas demandas e contextos da atualidade. E há muito que se abordar aqui neste espaço! Vejo vocês em breve.
Com amor, Daya.