Nesse mês de agosto de 2024, o mundo ficou mais pobre, com certeza, quando encerra as suas produtivas e marcantes atividades um semelhante nosso que procurou viver o bem, trilhando as sendas do “viver autêntico”. Essa verdade constato quando chega ao meu conhecimento a notícia da passagem para o mundo espiritual de um ser humano muito especial, atuante na vida social e educacional do meu inesquecível Limoeiro do Norte, lá no adusto sertão do Ceará, da querida e afamada professora LUZANIRA HOLANDA DE CASTRO, minha prima pelo meu lado materno, carinhosamente chamada de “Tia Luda” pelos mais próximos.
Após mais de oito décadas bem vividas, essa mulher verdadeira foi Mestre de muitos nos Colégios de Limoeiro e, principalmente, na Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos, na qual teve exemplar atuação no Curso de Geografia. Marcou presença entre nós pelas suas excelsas qualidades e, nesse momento, destaco a que mais se sobressaía para mim: a sua AUTENTICIDADE.
Dizem que, nos tempos atuais, onde se vive de aparências, é fundamental buscar a felicidade mergulhando na autenticidade, a qual, segundo a Filosofia Existencial, procede dos sentidos que originam também a boa consciência e toda evidência de verdade. Nunca um ser humano consegue se tornar iluminado pensando apenas em si próprio, pleno de luz. Antes de tudo, é necessário enfrentar a escuridão do nosso viver, trilhando os caminhos de ser mais autêntico, o que exige, sobretudo, coragem.
O filósofo francês Jean Paul Sartre nos ensina que a autenticidade é evidente por si, consistindo em tomar uma consciência lúcida e verídica da situação, em assumir as responsabilidades e os riscos que tal situação comporta. Para ele, representa um traço de personalidade característico de pessoas verdadeiras, genuínas, que não tentam esconder o que pensam, sentem ou desejam. São normalmente dispostas a ajudar, confiantes e que jamais abdicam de seus princípios, sem o menor indício de medo em expor suas ideias. E, Tia Luda, não era assim?
A Psicologia nos afirma que autenticidade refere-se ao grau em que uma pessoa é fiel a seus valores, crenças e emoções, ao invés de se entregar a pressões externas e expectativas sociais. É um encontro de identidade. Quem é autêntico age com verdade, revelando sentimentos e opiniões sem temer retaliações. E não era assim que agia a corajosa Tia Luda?
Como identificamos se uma pessoa é autêntica? Ela sabe expor seus pensamentos, respeita a si mesma, valoriza os outros, se conhece bem e não julga. Sabe dizer “não” quando muitos preferem dizer “sim” por conveniência ou temor, e descobre suas maiores alegrias nas suas realizações. E não era assim a valorosa Tia Luda?
O admirado monge tibetano Dalai Lama, Prêmio Nobel da Paz em 1989, nos ensina que pouco importa o julgamento dos outros, pois os seres humanos são tão contraditórios que é impossível atender suas demandas para satisfazê-las. O importante é ter em mente ser autêntico e verdadeiro.
Relembro o Código Samurai, o qual prega que, para um autêntico samurai, não existem tonalidades cinzas no que se refere à honra e justiça; só existe o certo e o errado. Não era assim que, por certo, pensava a “Samurai” Tia Luda?
Ah, Tia Luda, juro que daria tudo para ver aí, onde te encontras, num plano de muita luz e paz, os olhos dos anjos arregalados de susto ante as suas atitudes sinceras, sem papas na língua, atitudes essas que a tornaram autêntica, feliz e profundamente humana!
Sei que nunca gostaste de despedidas, portanto, não digo “Adeus”. Até um dia, Tia Luda! Saudades!