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AMOR DE OUTRO PLANETA

Ah! Os tempos idos…
Outrora a essência era muito mais pura do que agora, e um dos fatores dessa deterioração é a desconstrução da candura infantil.

Na urgência de capacitar a prole para enfrentar os desafios da vida, criam-se filhos beligerantes, em vez de solidários; e uma das bandeiras dessa prática é a prosperidade material a qualquer custo.

Tal doutrina – além de pulverizar valores como o respeito, a honestidade, a justiça e a empatia -, vem atrofiando, significativamente, o sentimento mais nobre: o amor. Com isso, está nítido que muitos lares já não são lares, são apenas meras moradias comandadas pelo egocentrismo.

Dentro desse contexto, os seres humanos passaram a ter atitudes animalescas, também na sociedade. Os relacionamentos tornaram-se demasiadamente descartáveis, sem nenhum vestígio de arrependimento, pois os propósitos passaram a ser o prazer carnal e o material. Consequentemente, os enlaces têm sido cada vez mais perecíveis: quando o dinheiro escasseia ou a carne começa a enrugar, a sucumbir à gravidade, a ter flacidezes e estrias, o caçador – ou caçadora – substitui a caça.

Somente o verdadeiro amor resiste às ações do tempo, porque o conteúdo lhe é mais importante do que a embalagem.

Eu sou do tempo das declarações amorosas manuscritas e dos olhares de soslaio; do tempo de oferecer ramalhetes e de sentir frio na barriga ao ver a mulher amada; de compor poesias confessionais e declamá-las olhando nos olhos dela…

Não tenho dúvida de que o amor principia no pensamento diário e secreto na pessoa amada, e se fortalece nos olhares de soslaio, nos sorrisos, no entrelaçamento das mãos, nos toques sutis, no delicado beijo que começa no canto da boca…

Para mim, o encaixe físico por si só, não significa amor; amor somente acontece quando, mutuamente, os corpos tocam a alma. E por pensar assim, sou defensor do relacionamento monogâmico, alicerçado em Deus; por isso, exerço a fidelidade imorredoura, o respeito, o cavalheirismo, e continuarei assim até o meu último suspiro, mesmo sabendo que há quem me considere antiquado.

Talvez eu não seja deste planeta.

Proseando

Maurício Cavalheiro
Maurício Cavalheiro
Maurício Cavalheiro é um escritor e trovador brasileiro, natural de Pindamonhangaba, São Paulo. Ele é conhecido por suas obras na forma de trova e também por sua coluna "Proseando" no jornal Tribuna do Norte. Além disso, é membro da Academia Pindamonhangabense de Letras, da União Brasileira de Trovadores (UBT) e da Academia Brasileira de Sonetistas (ABRASSO).
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