Na vizinha São Luiz do Paraitinga – SP, viveu Elpídio do Santos (1909 – 1970), compositor eclético, o preferido de Mazzaropi para a criação das trilhas musicais dos filmes do cineasta. “A dor da saudade” e “Você vai gostar” – mais conhecida por “Casinha Branca” – figuram entre as 70 canções de Elpídio gravadas e as centenas de inéditas, objeto de pesquisa de Alexandre Rezende de Almeida, pindamonhangabense nascido e criado no bairro do Crispim, que se dispôs a jogar luz sobre esse tesouro musical do Vale do Paraíba em sua dissertação de mestrado na Universidade Federal de São Paulo. Ao concluir seus estudos, o autor foi agraciado com a publicação do livro “A dor da saudade: o cancioneiro caipira de Elpídio do Santos. Uma antologia” (Editora Unifesp, 2023).
A obra, um compêndio de 366 páginas, iluminou não só a história de vida de Elpídio dos Santos – luizense que começou a compor em 1930 e nas quatro décadas seguintes produziu cerca de mil obras nos mais variados gêneros: caipira, samba, choro, valsa, baião, marchinha, entre muitos outros. Além disso, o pesquisador investigou o universo composicional desse notável compositor que exaltou nossas raízes caipira na maioria de suas canções.
Com essa antologia, Alexandre Rezende de Almeida contribuiu significativamente para valorizar e preservar a memória de Elpídio dos Santos, apresentando aos leitores um panorama geral do universo musical do Elpídio dos Santos, com direcionamento para o gênero caipira, no qual ele obteve maior reconhecimento durante sua trajetória artística. Alexandre ressalta que “Elpídio era um profundo conhecedor de música, tendo sido integrante de bandas, regente e professor. Criador de uma infinidade de letras, melodias, poemas caipiras e partituras para diversos instrumentos, o compositor e sua obra merecem ser conhecidos e reconhecidos por todos nós. Trata-se ainda de um orgulho para nossa região ter dado à luz um artista deste porte, com tanta sensibilidade e talento, que fez e ainda faz sua música ecoar aos quatro cantos”.
Um estudo dessa envergadura motivou-me a desvelar a trajetória acadêmica desse pesquisador de Elpídio dos Santos que, ao concluir esse estudo da cultura popular valeparaibana, não só conquistou o título de Mestre em Letras pela Unifesp como amalgamou seu nome à história de vida do “cancioneiro caipira” do Vale do Paraíba!
Graduado em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda na Universidade de Taubaté, Alexandre Rezende de Almeida foi colaborador do Jornal da Cidade e da Tribuna do Norte, produzindo tiras cômicas, uma preciosidade, salvaguardadas no fanzine “50 tirinhas ao acaso”. Posteriormente, Alexandre trabalhou na Prefeitura de Pindamonhangaba, na Secretaria de Educação do Estado, na SUCEN – Superintendência de Controle de Endemias, no Instituto Federal de São Paulo – Campus Campos do Jordão, órgão em que atua desde 2011.
No celeiro dos pesquisadores da pujante cultura caipira do Vale do Paraíba – vivas a Ruth Guimarães, José Luiz Pasin, Tome Teresa Maia, as irmãs Maria de Lourdes e Conceição Borges Ribeiro, dentre outros -, desponta o pindamonhangabense Alexandre Rezende de Almeida, alguém que afinou sua história de vida à história de Elpídio dos Santos para cantar aos quatro cantos do mundo a preciosidade do universo poético-musical desse notável compositor brasileiro, que, nas páginas dessa memorável antologia, jamais será esquecido!
A DOR DA SAUDADE
A dor da saudade
Quem é que não tem
Olhando o passado
Quem é que não sente
Saudade de alguém…
Da pequena casinha
Da luz do luar…
Do vento manhoso
Soprando do mar…
A dor da saudade… (…)