Jornal Tribuna do Norte

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A inauguração da luz elétrica em Pindamonhangaba (4)

Arquivo TN. O sobrado dos Marcondes (ao fundo, à direita) pode ter sido o local onde se realizou o baile comemorativo à chegada da iluminação elétrica

A iluminação elétrica foi outro dos importantes acontecimentos ocorridos no município ainda nas primeiras décadas de 1900

A Página de História recorda hoje o baile realizado para concluir os eventos iniciados no dia 29 de julho de 1911 pela manhã, com continuidade na tarde e noite, e encerramento na madrugada do dia seguinte. Eventos estes programados pela administração municipal, prefeito médico Dr. Claro César, para comemorar junto à população a chegada da luz elétrica a Pindamonhangaba (Fonte: edição TN 6/8/1911)…
Depois das festas de rua (inauguração das lâmpadas elétricas ocorridas na Usina Izabel e na Praça Monsenhor Marcondes) realizadas sem registro do menor incidente, para coroar o sucesso do evento, um baile ainda estava programado. A ideia era que se amanhecesse comemorando a melhoria recebida pelo município.

O Baile

Conta o redator da Tribuna na edição acima mencionada que “Desde o fechar da noite que o palacete da Baronesa de Romeiro se achava brilhantemente iluminado”. Sobre o palacete citado pode ser que o articulista estivesse se referindo ao histórico sobrado dos Marcondes, antiga residência do Monsenhor Ignacio Marcondes de Oliveira Cabral (1821- 1863), porém pode ser também sobre uma belíssima residência na época existente em frente ao sobrado, no final da Deputado Claro Cesar, próxima ao cruzamento dessa rua com a dos Andradas. Sobre a baronesa de Romeiro vide nota no final da página.
Continuando em sua menção ao referido palacete, descreve: “Nas suas imediações notava-se grande movimento. Em frente, e em um coreto devidamente preparado, tocava uma banda de música, enquanto outra deliciava o povo que se achava reunido no jardim.
Aquilo queria dizer que no interior do elegante palacete, alguma coisa de festivo tinha de se realizar naquela noite”.


Em seguida, vem a descrição de como fora aquele baile oferecido à família pindamonhangabense:
“Os salões onde dançou-se, as mesas junto às quais convidados, e não convidados, encontravam as mais finas bebidas, os doces mais delicados e caprichosamnte preparados para encantar a vista e satisfazer aos mais exigentes – tudo esteve simplesmente admirável e deslumbrante. Nas salas destinadas às danças houve luz e flores em profusão, não se falando na ornamentação artística e de muito gosto, que estava a provocar a admiração dos elegantes e amadores.


Às 10 (22 horas) os salões já regurgitavam de convidados, e as ondas de senhoritas que os invadiam, iam pouco a pouco transformando-os em uma verdadeira habitação de fadas.
Às 11 (23 horas) a orquestra, regida pelo hábil maestrino Deodato Pestana, deu sinal de sua valsa.
Ninguém ficou sentado. Todos dançavam com animação.
E assim foi até ao amanhecer.


Entre os pares que se apresentaram poderia não haver muitas toiletes que chamassem a atenção pela sua riqueza, mas foram muitas as que deslumbravam pela elegância e gosto”.


Segundo o redator TN, o baile não fora uma reunião aristocrática, pois muitos cavalheiros se apresentaram de fraque e alguns de paletós, porém em nada devia se estranhar por conta disso.
Fato realmente estranho ocorrido sobre naquela noite agradável de música e dança, mencionado pelo narrador, é referente ao aparecimento de um indivíduo vindo de outra cidade, que, conforme a opinião do narrador:
“… não podia ser convidado por vários motivos, barafusou pela sala a dentro, com um costume cor de pena de pato, e dançou desde a primeira valsa até com a qual se ultimou o baile, às 5 horas da madrugada. Ninguém lhe foi a mão por isso. Gosta de dança e não se lhe faz necessário um convite para dançar entre adversários políticos”.


Em sua narrativa, o autor ainda elogia as elegantes senhoritas presentes ao baile, preferindo não descrever “tantas toiletes mimosas, exibidas por elegantes senhoritas, e que estão a exigir circunstanciada descrição”, para não correr o risco “…de tirar seu valor, dando pálida ideia da realidade. A orquestra foi de admirável correção…” Felicita o maestro Deodato Pestana “…pelo brilhantismo com que desempenhou sua trabalhosa incumbência”. Destaca, mais uma vez, os agradecimentos ao prefeito Dr. Claro Cesar, a quem, confessa: “…não sabemos o que mais lhe podemos dizer em aplauso ao serviço que acaba de prestar a nossa terra. Sua obra aí esta atestando a sua energia, a sua capacidade de administrar, a sua incontestável honestidade, e o patriotismo da Câmara. É um benemérito do município e deve estar satisfeito com essas palmas que alcançou”.


Concluindo, agradece também àqueles que honraram com suas presenças nas festas, destacando entre estas as seguintes: “exma. Sra. Bertha Vilella; senhoritas, Cyomara Villela, Armenia Velloso e Halveia Villela; e mais os exmos, senhores Dr. Ricardo Villela, Dr.Henrique Itiberé; Dr. Josino Guimarães; Dr. José Rodriques Alves; Dr. Gurjão; Dr. Muniz Freire; Dr. Luiz Guimarães Vieira; coronel J. Marcondes de Mattos; Dr. Herculano Carvalho – juiz de direito de Lorena; Dr. Leôncio, delegado da mesma cidade; e major Faustino Augusto Cesar, que vejo expressamente representar aquele município, do qual é digno prefeito”.


O motivo de tantos agradecimentos registrados pelo articulista do jornal Tribuna do Norte aos participantes dos eventos, deduzimos seja explicado pelo fato de que o autor da matéria era também membro da comissão dos festejos, ou seja, o autor do livro “Pindamonhagaba Através de dois e Meio Séculos”: José de Athayde Marcondes.

(Conclusão na próxima edição desta Página de História)

Nota. Pesquisando em “Os Barões do Café – Titulares do Império no Vale do Paraíba Paulista”, de José Luiz Pasin (Vale Livros- Aparecida/SP-2001), encontramos que a Baronesa de Romeiro foi dona Mariana Marcondes de Oliveira Cesar, prima e esposa (em segunda núpcias) do Barão de Romeiro, Manoel Inácio Marcondes Romeiro.
Agraciado com o título pela Princesa Imperial Regente, Dona Isabel, no dia 31 de janeiro de 1877, o Barão de Romeiro morreu no dia 31 de janeiro de 1890. A baronesa morreria 24 anos depois, no dia 7 de julho de 1914.

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Pindamonhangaba, BR
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