
e doutor pela USP, professor
universitário, Magister ad
Honorem da Universidade
de Bolonha, e Professor
Visitante das Universidades
de Bonn, Munique, Colônia e Berlim
(Alemanha). Professor Convidado da
Universidade de Paris V (Sorbonne)
A célebre Filósofa alemão de origem judaica – Hanna Arendt (1906-1975), autora de “A condição Humana” e “Origens do Totalitarismo”, entre outras obras, afirmava que o homem (a espécie humana) não é apenas um ser da natureza, e, sim, um ser de condição. E, essa condição nos conduz a entender que ele é um ser de ação e de discurso.
Portanto, tudo que sabemos, fazemos ou experimentamos só atinge um real valor quando pode ser discutido, sobretudo a condição humana, sendo o trabalho, na visão de estudiosos do assunto, a condição humana por excelência, e, que o mesmo se torna cada vez mais difícil, sobretudo no que se refere a ocupação de postos, muitos deles perdidos para a força crescente das tecnologias em todos os âmbitos, nesse momento crucial da nossa História em que observamos um número assustador de desempregados que chega a cifra dos milhões.
E, aqui nos perguntamos: esse HOMEM vive ou sobrevive, se viver, efetivamente, significa ter condições mínimas de sobrevivência e dignidade? Como ver semelhantes nossos revirando lixões na busca de alimento ou se submetendo a trabalhos inseguros e humilhantes para sustentar as suas famílias? Representam, sem dúvida, problemas cruciais clamando por soluções nessa sociedade perversa que valoriza o TER MAIS.!
E, o que pensar sobre esses irmãos nossos que são atirados nas ruas, a subempregos, submetidos a violências crescentes, marginalizados, segregados, de quem foram subtraídas as chances de sobrevivência? Dessa maneira, perde-se a noção do que é o HOMEM, o que o diferencia de uma máquina (criada e operada por ele, que deveria servi-lo, auxilia-lo a viver).
Vivemos, por conseguinte, um tempo em que as relações HOMEM-HOMEM são intermediadas com máquinas em profusão, tirando qualquer possibilidade de escolha de uma vida para viver. A possibilidade de ESCOLHER uma vida se torna cada vez mais complicada e sofrida, ante esse triste cenário, tremendamente desumano que presenciamos. Insistimos: mas o ser humano tem que viver (ou sobreviver!). Necessita do mínimo de recursos!
Há que se pensar em reais políticas de governo para atender as demandas discutidas, tais como: subsistência, moradia, educação, para, mudar rumos! Quando expomos essa situação alarmante e deprimente, torna-se urgente (e, é para ontem!) que a Educação, em especial, na área de pensar, questionar, refletir, propor soluções que é a FILOSOFIA, já esteja engajada com essas questões, propondo soluções e apontando referenciais, em ações fortes, para que mereçamos ser denominados “humanos”.
Mas, precisa muito mais do que isso: é urgente a instituição de um valor nobre, inestimável e necessário: a AMOROSIDADE! Há carência desse valor, dessa estrutura amorosa (desde ser desejado, antes do nascer, desejado para viver, para ser feliz!) que reside num processo de humanização crescente. Esse “Amor do Outro” ou “Pelo Outro”, que executa um genuíno amor materno é o que crava, imprime no ser humano a estrutura de sujeito, a IDENTIDADE, marca importante para a efetiva luta da autodeterminação e da liberdade!
Platão, o grande Filósofo da antiga Grécia, afirmava que amor é movimento, vida, busca por algo, e também sobretudo por vontade que está em nós, de procurar crescer com o Outro. Jamais esqueçamos o que nos ensinou o Filósofo Existencialista Francês – Sartre (1905-1980): “O processo da existência humana, é uma construção que parte da sua liberdade”. O humano é constituído pelo Outro a partir dessa marcação estrutural amorosa. Na liberdade existencial humana reside uma responsabilidade que inclui a humanidade inteira. Que a sociedade atual identifique e assuma essa responsabilidade com vistas a um mundo melhor para as gerações do porvir!