
A fé, quando clara, não grita — sussurra. Ela não exige provas, mas acende sentidos. É como a luz suave da manhã que atravessa as cortinas: não invade, revela. A clareza da fé não mora nos milagres ruidosos, mas no silêncio que conforta, na certeza que abraça sem precisar tocar.
Há quem confunda fé com cegueira, mas a fé lúcida enxerga além. Ela não foge das dúvidas, caminha com elas, e mesmo assim avança. É o farol no nevoeiro, não porque dissipa a névoa, mas porque aponta um norte. Ter fé clara é saber que nem tudo se explica, mas tudo encontra lugar no coração.
Ela não se veste de fórmulas, nem se apoia em dogmas vazios. Vive nos gestos simples: na mão estendida, no perdão que não se cobra, no olhar que acolhe. A clareza da fé não tem cor, mas pinta o mundo com esperança. Não tem som, mas embala a alma com sua melodia mansa.
Quem a possui não caminha sem tropeços, mas caminha sem medo. Porque a fé, quando clara, não é certeza absoluta — é confiança radical. É enxergar luz mesmo quando o caminho se estreita. É seguir, mesmo sem mapa, com a paz de quem sabe que não está só.