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A arte da crônica e suas sutilezas

Escrever uma crônica é fácil. De certa forma, pode-se atirar para tudo que é lado: humor, política, fatos do cotidiano e até filosofia. O narrador pode se apresentar em primeira ou terceira pessoa (oi? Quantas pessoas? Mais de 120? Não, não, espera… Sinto muito pelo pensamento intrusivo. Ultimamente as notícias se entranham em meu cérebro e pululam quando menos espero). Voltemos à crônica.

O tema de uma crônica, em geral, também é livre. Aliás, a liberdade é um dos assuntos mais tratados na literatura mundial e, claro, um dos que mais ocupa nossa mente nos dias atuais – seja a tão defendida liberdade de expressão ou a liberdade de ir e vir (por exemplo, ir à escola ou ao trabalho e poder voltar, de carro ou por transporte público, em segurança). E, por fim, abarcando todas essas, a liberdade individual: o direito de nascer livre e assim viver, independentemente de origem, raça, crença, idade… Ora, mas vejam só… Aqui estou eu novamente divagando. E, novamente, desculpo-me ao leitor. Pois bem. Voltemos, mais uma vez, ao nosso assunto.

De que falávamos? Ah, sim! Os temas das crônicas. Geralmente, encontramos nesses textos pequenos acontecimentos ou curiosidades do cotidiano. Mas houve já, em outros tempos, quem se utilizasse desse modesto gênero literário para narrar grandes feitos, como, por exemplo, a chegada de europeus ao Monte Pascoal e a terras de Vera Cruz no século XVI. Hoje, no entanto, muita água já rolou e, sem se preocupar muito com grandes acontecimentos da História, esse gênero “chão de fábrica” ganha em flexibilidade e na enorme gama de assuntos que pode analisar. Do mais específico ao geral. Do pequeno ao grandioso. Do micro ao macro. Da fila do pão à fila da Praça São Lucas.

Considerando todos esses elementos que a tornam tão democrática, surpreende-me que a crônica encontre hoje em dia tal desprestígio. As listas dos mais vendidos são quase sempre encabeçadas por livros de não ficção religiosa ou grandes romances best sellers. Mas, embora eu não condene quem os lê, mantenho minha mania de olhar para o pequeno, para o sutil. Para a pequena e feia flor que, como anunciou Drummond, rompeu o asfalto cinzento. Aliás, o que são os grandes eventos senão uma sequência bem coordenada de pequenas coisas? Qualquer assunto pode conter muitos assuntos, se olharmos com a lupa certa. E é justamente aí que reside a beleza da crônica: a reconfiguração do olhar, a mudança de perspectiva que permite o assombro com coisas que são naturalizadas em nosso cotidiano e que, de outra forma, nos passariam batidas.

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